sexta-feira, 31 de maio de 2013

A respeito do livro Demian de Herman Hesse






Recentemente, terminei de ler um dos livros dos escritor Herman Hesse. Esse chegou até mim por indicação de alguém que conheci em uma das viagens que fiz. A obra chama-se Demian e é fortemente influenciada pela psicologia junguiana. Escrevo com o intuito de relembrar o que li e ver o que ficou para mim de tal leitura.

O livro trata da história de Sinclair, um garoto proveniente de família burguesa e religiosa, fundamentada em fortes valores morais. Na sua meninice, passou a andar com garotos afeitos a maldades. Para enturmar-se inventou mentiras, que passaram a ser verdade, pois foi ameaçado e teve que pagar tributos por isso. Passou a fazer pequenos furtos em casa, o que o atormentava e o distanciava cada vez mais de seus pais. Sentia que não compartilhava mais do mundo deles, pois estava manchado.

Leva a vida atormentado até que um dia conhece um misterioso colega de classe que o ajuda a se livrar de seu opressor. Esse novo mistérioso colega era Max Demian, que chamava atenção por sua maturidade, auto-confiança, segurança em suas opniões. Demian tinha técnicas que usava para ler o pensamento das pessoas e também, quando achava necessário, as fitava com firmeza de modo a inibir suas reações. Passou a despertar em Sinclair uma visão de um mundo diferente, que ele ainda não sabia ao certo o que significava.

Os dois, posteriormente, distanciaram-se. Sirclair segue sua vida estudantil num colégio interno. Passa a frequentar as tabernas, perde o gosto pelos estudos, leva uma vida boêmia e noturna. Chega as proximidades de ser convidado a sair do colégio, a autoridade de seu pai já não lhe tinha mais efeito. Ele parecia apenas afundar na escuridão.

Certo dia, depara-se com uma moça que chama a sua atenção e passa a cultivar por ela um amor platônico. Isso é o bastante para ele reorganizar sua psiqué e sair das trevas em que vivia, mudando repentinamente seu estilo de vida, sem precisar dar explicações para os que o rodeavam.

Seus sonhos passam a chamar-lhe atenção. A figura de um pássaro lhe é bastante frequente. No entanto, ela tende a aparecer condensada junto a imagem de Demian e a de uma mulher. O que passa a ser um enígma para Sinclair, que numa tentativa de decifrá-lo, envia a Demian, por correio, essa figura onírica por ele próprio pintada. No entanto, não recebe resposta de Demian. Porém, ao longo de seu trajeto de vida, vai encontrando pessoas que vão contribuindo de diferentes formas para o desenvolvimento de sua personalidade. 

Finalmente, as coincidências da vida o levam a encontrar o amigo de infância Demian e sua mãe. Sinclair passa a frequentar a casa deles e a amadurecer suas idéias sobre a vida e sobre si mesmo. Uma nova foma de ver o mundo vai se descortinando para ele. Enxergam a humanidade como "um futuro distante para o qual todos caminhavamos, sem que ninguém conhecesse sua imagem e sem que se encontrassem escritas suas leis em parte alguma". Buscavam o caminho da individuação que naturalmente distanciava-se do conforto das massas ou da vida no rebanho. Acreditavam que precisavam se preparar para que quando o destino precisasse deles pudessem ouvi-lo e cumprir com o seu chamado. 

Há no livro diálogos  interessantes como o da mãe de Demian(Eva) com Sinclair:

- Sempre é difícil nascer. A ave tem de sofrer para sair do ovo, isso você já sabe. Mas volte o olhar para trás e pergunte a si mesmo se foi de fato tão penoso o caminho. Difícil, apenas? Não terá sido belo também? Pode imaginar outro tão belo e tão fácil? 

Movi, dubitativo, a cabeça.

- Foi penoso - disse como adormecido - , foi penoso até que veio o sonho. 

Assentiu e fitou-me penetrantemente. 

- Sim, temos que encontrar o nosso sonho e então o caminho se torna fácil. Mas não há nenhum sonho perdurável. Uns substituem os outros e não devemos esforçar-nos por nos prender a nenhum. 

Essas palavras surpreenderam-me profundamente. Seria uma advertência? Um repulsa já? Tanto fazia. Estava disposto a deixar-me guiar por ela sem perguntar para onde. 

- Não sei - repliquei - quanto tempo durará meu sonho. Desejaria que fosse eterno. Sob a imagem familiar de meu pássaro, o destino me recebeu como mãe e amada. A ele pertenço só a ele.

- Desde que o sonho seja seu destino, você deve permanecer-lhe fiel - confirmou ela, gravemente. 

........

Portanto, o livro, ao tratar da história de Demian, fala de alguns pontos que são comuns a muitas pessoas como a importancia dos sonhos, etapas do processo de individuação ou do desenvolvimento da personalidade, a busca por um sentido na vida, a importancia de se encontrar pessoas que nos ensinem e nos guiem de alguma maneira. E por mais que o caminho as vezes pareça penoso, não poderia ser mais belo, mais facil ou mais eficiente. 












quinta-feira, 16 de maio de 2013

1/3 da missão cumprida



Nossa, quase não consigo acreditar. Um terço da estrada cumprida. Hoje terminei o meu primeiro semestre do programa ciências sem fronteiras nos EUA. Graças a Deus estou dando conta dos desafios, e acredito que crescendo ao enfrentá-los.

Os desafios são pequenos e cotidianos como estudar estatística ou psicopatologia em Inglês, expressar sua opnião sobre o trabalho de um colega para a turma, dar direções a alguém que pergunta, sustentar uma conversa com alguém com uma cultura diferente da sua, participar de uma entrevista de estágio com um professor que você nunca viu, planejar com antecedencia suas viagens, controlar o dinheiro, lidar com as instabilidades climáticas, saber como se portar diante de conflitos entre colegas, dividir apartamento com até então estranhos, fazer novos amigos, preencher formulários, atenção a prazos, falar com orientadora, praticar esporte, manter o bom humor, planejar semestre.etc Além de tudo isso, administrar a saudade e manter a mente quieta, acesa e motivada.

Sim, tem sido uma experiência boa. Não tenho do que reclamar. Por vezes me pergunto se estou aprendendo e crescendo nessa empreitada. Acho que os marcos, como o fim do semestre, servem para percebermos que houve um caminho percorrido nesses meses que estou aqui. Cheguei sem saber de nada, hoje estou um pouco mais adaptado a esse contexto. 

Lembro que da outra vez que estive nos EUA, fazendo intercâmbio em Des Moines, na high school , algumas pessoas me falavam que seria bom se eu tivesse ficado mais tempo, pois o primeiro semestre é um periodo de adaptação, depois disso as coisas começam a fluir mais. Alguns colegas que conheci estão voltando para o seus países após um semestre aqui. Às vezes, parece me que já vão muito cedo, no meio de seu processo de crescimento e adaptação. Talvez fosse melhor se ficassem mais tempo, talvez não, não sei.  No entanto, cada um tem o seu momento. Naquela época acho que eu não estava preparado para ficar mais de um semestre.

Digo isso por que, às vezes, parece que, repentinamente, num estalo de dedos, o seu inglês começa a melhorar, você começa a ter mais facilidade e naturalidade ao se comunicar com as pessoas e sente- se mais pertencente àquele, até então, estranho contexto. Parece mesmo que o cérebro da gente dá um salto acomodando as informações adquiridas numa nova estruturação. Sei que a estrada é longa e ainda há muito  mais o que aprender. Percebi também que pequenas atitudes como o esforço para puxar conversa com um estranho pode favorecer muito esse processo. Creio que isso possa ser aplicado também a outras áreas da vida. Escrevo também como um registro de tal percepção. Creio que aqui se fecha um ciclo e se inicia outro. Abraço aos amigos e parentes.